Seminário promovido pela Sedef reforça a importância da rede de proteção à infância e reúne especialistas para debater desafios e soluções

A Secretaria do Desenvolvimento Social e Família (Sedef) promoveu nesta quinta-feira (26) o Seminário de Enfrentamento às Violências e ao Trabalho Infantil Contra Crianças e Adolescentes, reunindo profissionais da educação, assistência social, saúde e segurança pública de todo o Paraná. O evento, realizado na Ópera de Arame, em Curitiba, teve como principal objetivo capacitar os participantes e fortalecer a rede de proteção infantojuvenil. 
Durante a abertura, o secretário Rogério Carboni reforçou o compromisso do governo com a proteção das crianças e adolescentes. “Precisamos colocar nossa energia e vontade para não normalizar a violência e o trabalho infantil. Para isso, são necessários investimentos. Um exemplo é a destinação de R$ 159 milhões do Fundo da Infância e Adolescência (FIA) aos 399 municípios paranaenses, justamente para fortalecer esta política”, destacou.
A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca), Danielle Dalavechia, reforçou o caráter urgente da pauta. “A infância não espera, a violência não avisa. A infância pede pressa e a violência, enfrentamento”. Já a promotora de Justiça Danielle Cavalli convidou os presentes a fazer uma reflexão. “A indignação precisa se transformar em ação. Precisamos pensar em políticas preventivas para que não tenhamos a violação de direitos”, disse. 

PAINÉIS - O seminário contou com diversos painéis que abordaram tanto o diagnóstico da violência e do trabalho infantil quanto práticas concretas de enfrentamento. Na palestra “Perfil epidemiológico dos acidentes de trabalho com crianças e adolescentes”, a mestre Amanda de Paula Boni Navarro alertou para a subnotificação de casos no sistema público de saúde. “O trabalho mata crianças e adolescentes. Existe uma invisibilidade social em relação aos acidentes e doenças causadas pelo trabalho infantil”, afirmou.
Já a coordenadora da Política de Assistência Social da Sedef, Renata Mareziuzek, apresentou o panorama estadual das ações do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). “Temos mais de 400 famílias com crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil cadastradas no CadÚnico. Isso mostra que ainda precisamos aprimorar os mecanismos de identificação e enfrentamento”, analisou.
Durante o painel sobre crimes digitais contra crianças e adolescentes, o promotor de Justiça Rodrigo Baptista Baziliano destacou a complexidade crescente das violências cometidas no ambiente online, impulsionadas pela exposição precoce de crianças à internet. Por outro lado, Margaret Matos, procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho no Paraná, tratou da atuação institucional no enfrentamento ao trabalho infantil, frisando a importância da articulação entre os diferentes órgãos e da atuação firme no cumprimento das leis.

EXPERIÊNCIAS - O painel Boas Práticas trouxe exemplos concretos de iniciativas bem-sucedidas nos municípios. Luci Pfeiffer, coordenadora do Programa Dedica (Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente), explicou a metodologia de atendimento humanizado e escuta especializada, que evita a revitimização de crianças e adolescentes vítimas de violência.
Franciele Sovinski, assistente social de Palmeira, e Mariana Isabela de Barros, pedagoga de São José dos Pinhais, compartilharam ações locais de prevenção e acolhimento, reforçando o papel dos municípios na rede de proteção.
O prefeito de Campo Magro, Rilton Bozza, representando os gestores municipais, ressaltou a importância do apoio estadual. “As políticas públicas nos municípios só são viáveis com o fortalecimento da rede e a colaboração do Estado”.
A deputada estadual Márcia Huçulak destacou a necessidade de romper os ciclos históricos de violência. “Tratar desta geração que está vindo é essencial para que não se repitam os problemas que enfrentamos atualmente”, disse.